Olho para o livro da minha vida e penso que será mais fácil viver e ser feliz se arrancar, uma a uma, as páginas do que vivi contigo.
Então, com mãos decididas, arranco o dia em que te conheci, pico com pionés todos os beijos que te dei, corto com a tesoura as palavras que dissemos, utilizo o x-acto para afastar o teu corpo do meu. Apago, com borracha, os sonhos por realizar e com um compasso desenho dois círculos afastados para cada um de nós. Como se tudo isto não bastasse meto-te debaixo do pisa-papéis para que de lá não saias, para que a tua recordação de lá não volte. E se ainda não for suficiente e se mesmo assim insistires muito, meto-te num triturador de papéis para ter a certeza que vais desaparecer de vez.
Com a vida em pedaços, olho para os destroços que se espalharam pela cama… e as lágrimas percorrem. Não quero que seja assim… dói ainda mais. Lentamente decido-me a fazer bricolage com a vida, e com Super-Cola 3, colo cada bocadinho de ti… cada bocadinho de mim… cada bocadinho de nós… apago com o que disse e não devia ter dito, e com corrector desfaço o que fiz e não devia ter feito. Com agulha e dedal volto a unir os nossos pedaços e com uma aguarela branca preparo-me para redesenhar um novo destino. Porque afinal, eu gosto “um bocadinho” de ti e estou aqui para ti, basta perceberes… basta quereres!